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terça-feira, 2 de dezembro de 2008



O LÚDICO ILUMINA A INFÂNCIA




PALAVRAS-CHAVE: DIREITOS - BRINCAR - PRESENTE



Este trabalho tem como objetivo de repensar qual o papel da infância dentro da educação infantil, a criança como sujeito de direitos ou um adulto em miniatura que prepara para o futuro, o referencial teórico que pauta o artigo em questão é a perspectiva histórico-cultural. Pois a algum tempo algumas escolas tornaram-se um local de exclusão, limitações e castração da criatividade e liberdade infantil, onde muitas vezes os jogos e as brincadeiras da cultura infantil são ignorados, deixando de lado o aspecto lúdico da criança negando sua corporeidade.É riquíssima a utilização do lúdico na escola como recurso pedagógico.Para compreender melhor e situar a história da pré-escola inicia em 1976, com 3 unidades inauguradas nas zonas de maior carências sócio econômicas do município. De início improvisadas em salas de igrejas, prédios de escolas abandonadas, etc.A iniciativa deste programa foi fortemente influenciada pelo debate que se desenvolvia a nível nacional a respeito da "privação cultural" que eram submetidas as crianças, desprovidas condições mínimas de alimentação , saúde e educação. Produziam "déficits" intelectuais, praticamente irreversíveis, o que justificava o fracasso na alfabetização com a reprovação em massa na percepção primeira série do primeiro grau e exclusão da escola.Esse quadro favorece a idéia de que antecipam a escolarização e proporcionando às crianças merenda e assistência a saúde em programas que ampliassem quantitativamente o atendimento a baixo custo, estariam compensando as carências que impediam o avanço na escolarização. Institui-se, a então "pré-escola" com a clara intenção de "pré-parar" para a escola.Contendo essas questões, a marca das influências que a psicologia do desenvolvimento historicamente exerceu sobre a educação, ratificando inclusive a idéia do "déficit na inteligência" das crianças pobres, alardeava-se que instrumentalizando o aspecto psicomotor da criança através de atividades que envolvessem a área motora, haveria uma possibilidade maior de sucesso na alfabetização.Sendo assim, no final da década de 70 e no início da década 80, o próprio ministério da educação tratou de divulgar por todo o Brasil o novo fenômeno na educação das crianças: a psicomotricidade. Como mensageira de tudo que havia de mais avançado, ela seria uma das grandes soluções para os inúmeros problemas que levavam ao fracasso educacional e, sentido educacional mais restrito, ao fracasso da alfabetização. Para tanto, era preciso treinar as habilidades : esquema corporal, percepção temporal, lateralidade, equilíbrio, entre outros, passaram a fazer parte do discurso pedagógico.Este discurso acaba sendo apropriado por diferentes "especialistas" que passavam a disputar territórios no interior das instituições educacionais - psicólogos/as, reeducadores/as e também por professores de educação física. Cada um destes dizia-se mais capacitado para trabalhar a educação do movimento.Paralelamente, as teorias do desenvolvimento/aprendizagem motora e a recreação também passam a fazer parte do discurso pedagógico sendo, juntamente com a psicomotricidade, apropriado pela educação física e transformados em práticas pedagógicas de âmbito na educação infantil.Se colocarmos um pouco de história da educação da infância, vamos ver que, inicialmente , a infância não é o objeto de educação. Ela é objeto de cuidado. O próprio pedagogo não era "o educador" de hoje. Era muito mais um condutor, aquele que guiava, era quase um guia moral. Não tinha esta condição de pedagogo que hoje damos à nossa profissão mais moderna. A infância, como existia naquela velha concepção era muito mais objeto de assistência.A nova LBD não fala em pré-escola e sim em educação infantil. Num sentido muito certo , de que a idade de 0 a 6 anos tem uma identidade em si mesma, ela não está apenas definida pela futura inserção na escola. A pré-escolarização prematura, fazer tudo para a criança tenha controle maior para segurar o lápis, para que entre logo na matemática, tudo isso não vai na nossa direção.Muitos profissionais da pré-escola terão que ter coragem para redefinir esta visão. Ela é demasiado estreita para dar conta da construção social da infância e dos avanços aonde ela chegou.Na década de 80 preparava a infância para um dia ser cidadão, na arte de um dia ter consciência de seus direitos, e na década de 90 a idéia de que a função principal da escola é preparar a infância e a adolescência para cidadania consciente. O autor concorda, mas em termos de ter cuidado de não cair na linha o que me referia e que estava criticando: a infância não tendo sentido em si mesma. Ela vista apenas como um preparatório para o futuro.Segundo Santin (1994) o adulto, em geral considera a criança como um outro eu. Ela é percebida como um homem pequeno, um miniatura. E quando melhor ela reproduzir a forma original, mais encantada ficamos.Para Arroyo a proposta é a educação, a escola enquanto serviço público permitindo a vivência de todas as dimensões da pessoas do presente. Não queremos uma escola para um escola para um dia ser. Queremos uma escola onde na infância a cidadania seja uma realidade. Em nome de um dia ser, não deixamos que a criança seja presente.A idéia fundamental da nossa é que a escola infantil dê condições materiais, pedagógicas, culturais, sociais, humanas, alimentares, espaciais para que a criança viva como sujeito de direitos, se experimente ela mesma enquanto sujeito de direitos. Permita ter todas as dimensões, ações, informações, construções e vivência.Queremos ter uma escola viva, em que se viva a cidadania e não uma escola onde se soube um dia ser cidadão. A infância já é cidadã, é ser vivo, é ser cultural já, é ser social já.O que diferencia e distancia o adulto da criança não é apenas a idade e o tamanho: talvez, a maior diferença e a maior distância aconteçam na maneira de ver a realidade e de viver a própria vida. A vida do adulto é marcada pela seriedade, dedicação às atividades produtivas, pela valorização dos resultados, pela transformação dos objetos em instrumentos e pela mudança do sistema simbólico por relações econômicas. A vida da criança está entregue à sua imaginação. A realidade é o presente vivido sentido de maneira direta e imediata. Para tudo acontece como se estivesse sempre no reino do brinquedo, sem preocupações de resultados e, muito menos, de planejamento.Para criança, viver é brincar e brincar é viver. Outro dia em minha casa pedi para minha filha me ajudar, pois estava atrasada, durou pouco tempo o auxílio e falou que estava cansada, e comentei, "mas tu não faz nada" e ela me olhou e disse: "eu brinco".A vida infantil é constituída pelo mundo do brinquedo, um mundo criado pelas crianças, onde ela mesma se auto cria. Esse caráter lúdico da vida infantil deve ser preservado.As Creches e NEIs devem garantir que as crianças possam brincar diariamente, valorizando-a como uma atividade sócio-cultural importante que caracteriza e garante a experiência da infância. Nessa perspectiva, a utilização do brinquedo e da brincadeira no quotidiano das instituições deve estar associada a atividades criativas, autônomas e imaginativas e, simultaneamente, estar em constante relação com as atividades criativas do trabalho e de aprendizagem formal.A brincadeira não é uma atividade inata, mas sim uma atividade social e humana e que supõe contextos sociais, a partir dos quais as crianças recriam a realidade através da utilização de sistemas simbólicos próprios.É uma atividade social aprendida através das interações humanas. É o adulto ou as crianças mais velhas que ensinam o bebê a brincar, interagindo e atribuindo significado aos objetos e às ações, introduzindo a criança no mundo da brincadeira.Nessa perspectiva, os educadores e auxiliares cumprem um papel fundamental nas instituições quando interagem com as crianças através de ações lúdicas ou se comunicam através de uma linguagem simbólica, estando disponíveis para brincar.Além das interações, a oferta o uso e exploração dos brinquedos também contribuem nessa aprendizagem da brincadeira.Deve-se considerar o brinquedo como um elemento da brincadeira, pois contribui para a atribuição de significados. Tem um importante valor simbólico e expressivo. O brinquedo é um importante abjeto cultural produzido pelos adultos para as crianças e que ganha ou produz significados no processo da brincadeira, pela imagem que a realidade representa e transmite.A brincadeira como atividade social específica é vivida pelas crianças tendo por base um sistema de comunicação e interpretação do real, que vai sendo negociado pelo grupo de crianças que estão brincando. Mesmo sendo uma situação imaginária, a brincadeira não pode dissociar suas regras da realidade.A unidade fundamental da brincadeira, que permite que ela aconteça, é o PAPEL assumido pelas crianças. O papel revela sua natureza social, bem como possibilita o desenvolvimento das regras e da imaginação.A relação entre a imaginação e os papéis assumidos é muito importante para o ato de brincar, pois ao mesmo tempo que a criança é livre na sua imaginação, ela tem que obedecer às regras sociais do papel assumido.A brincadeira é então, uma atividade sócio-cultural, pois ela se origina nos valores e hábitos de um determinado grupo social, onde as crianças tem a liberdade de escolher com o quê e como elas querem brincar. Para brincar as crianças utilizam-se da imitação de situações conhecidas, de processos imaginativos e da estruturação de regras.A brincadeira é, assim, um espaço de aprendizagem significativa para a criança.Tal como afirma Bob Franklin:"a infância não é uma experiência universal de qualquer duração fixa, mas é diferentemente construída, exprimido as diferenças individuais relativas à inserção de gênero, classe, etnia e histórias. Distintas culturas, bem como as histórias individuais, constroem diferentes mundos da infância"(1995:7)A finalidade de trabalhar o lúdico como possibilidade na Educação Infantil é importante que ela viva o presente com todos seus direitos.Na busca da superação desta escola castradora e excludente é fundamental que o educador considere toda a riqueza da cultura lúdica infantil, e todo repertório corporal que a criança traz consigo para a escola.É através do lúdico que a criança vive seu próprio corpo, se relaciona com o outro e o mundo ao seu redor.A utilização do lúdico na escola caracteriza-se com um recurso pedagógico riquíssimo na busca da valorização do movimento, das relações, solidariedade.O lúdico é uma necessidade humana e proporciona a integração com o ambiente onde vive, sendo considerado como meio de expressão e aprendizado.As atividades lúdicas possibilitam a incorporação de valores, desenvolvimento cultural, assimilação de novos conhecimentos, desenvolvimento da sociabilidade e da criatividade. Por intermédio do lúdico, a criança encontra o equilíbrio entre o real e o imaginário, oferece a oportunidade de desenvolvimento de maneira prazerosa.Brincar é um ato criador.Quando olhamos para a criança escutamos seus raciocínios, ou observamos seus comportamentos, podemos notar que toda sua vida é iluminada pelo lúdico.

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